Clima e Alterações Climáticas

O Clima da Terra tem-se alterado desde a sua formação, há 4600 milhões de anos. A origem das alterações tem, contudo, variado ao longo da história.

De facto, em cada um dos períodos de alterações, (ex: período glaciar, o aquecimento no tempo dos dinossauros ou as flutuações no milénio passado) é possível encontrar causas específicas para as alterações climáticas sentidas .

Nos períodos glaciares, que surgem em ciclos periódicos nos últimos 3 milhões de anos, há evidências de que as causas das variações se ficaram a dever à órbita da Terra à volta do sol. Estes ciclos alteram a quantidade de energia recebida a cada latitude e em cada estação.

Segundo algumas teorias, se a quantidade de radiação recebida no Verão no hemisfério Norte descer abaixo de um valor crítico, a neve do Inverno anterior não derrete no Verão e uma camada de gelo começa a formar-se à medida que mais e mais neve se acumula.

A próxima grande redução da radiação no hemisfério Norte, semelhante às que despoletaram períodos glaciares, deverá começar dentro de 30000 anos.

Apesar de não ser a causa primária, o CO2 atmosférico também tem um papel importante nos períodos glaciares. A concentração de CO2é baixa (190 ppm) durante estes períodos e alta (280 ppm) entre eles.

Épocas bastantes mais quentes que a actual também já ocorreram na história do clima durante os últimos 500 milhões de anos em que não havia formações de gelo à face da Terra. Estes períodos parecem igualmente ter alguma relação com períodos de elevada concentração de CO2 na atmosfera.

Outra causa possível para as alterações climáticas no passado pode estar relacionada com a quantidade de energia emitida pelo sol. Há registos de que essa energia varia cerca de 0,1% todos os 11 anos. Por outro lado, há também evidências de que a energia emitida pelo sol varia também no longo prazo.

De forma idêntica, também a actividade vulcânica pode ter sido o motor de algumas alterações climáticas nos últimos mil anos.

Estas evidências ilustram que diferentes alterações climáticas no passado tiveram diferentes causas e que a mudança climática é algo que tem caracterizado a história do clima desde sempre.

Porém, esta evidência não deve significar que as actuais alterações climáticas são “naturais”. De facto, todas as evidências apontam para que as actuais alterações climáticas resultem de um aumento da emissão de GEE (Gases Efeito Estufa) em resultado das actividades humanas. A emissão destes gases para a atmosfera amplia o efeito de estufa natural que tem como consequência directa o aumento da temperatura global. Desta forma, as alterações climáticas actuais são também designadas por aquecimento global.

Quando comparadas com as alterações climáticas históricas, as actuais apresentam algumas particularidades. A concentração de CO2 na atmosfera já atingiu os valores mais elevados do último meio milhão de anos e a uma taxa surpreendentemente elevada (Fig. 1). As temperaturas actuais são as mais elevadas dos últimos 130 anos de acordo com observações instrumentais efectuadas.

Com base em amostras estratigráficas de gelo, é possível conhecer com algum rigor a concentração de CO2 na atmosfera nos últimos 650 mil anos. Durante esse período, a concentração de CO2 variou entre 180 ppm (períodos glaciares) e 300 ppm (períodos inter-glaciares). Durante o século XX, a concentração de CO2 aumentou rapidamente para valores de 379 ppm.
Variação da concentração de CO2 na atmosfera durante os últimos 400 milhares de anos com base em amostras estratigráficas de gelo Fonte: adaptado de IPCC, 2007