A entrada da radiação solar tem de ser equilibrada por uma saída de calor enviada pela Terra.
Quando atinge a superfície da Terra, a radiação transforma-se em calor e é, em parte, retornada para o espaço, devido à existência dos gases de efeito estufa, fica aprisionada na Terra. Desse modo, a atmosfera actua como uma cobertura ou como o vidro de uma estufa, daí o nome efeito estufa.
O efeito estufa é um processo natural que ocorre porque o acúmulo de gases, que formam uma barreira que impede o calor do Sol de sair da atmosfera. Esse fenômeno é o que mantém o planeta aquecido e possibilita a vida na Terra. Entretanto, quando a concentração desses gases é excessiva, mais calor fica retido na atmosfera, mais aumenta a temperatura.
Ao longo do século XX, a temperatura global aumentou em torno de 0,6ºC. A década de 90 foi considerada a mais morna e o ano de 1998 o mais quente desde que se iniciou, em 1861, o registro instrumental da temperatura. A previsão é que a temperatura global aumente em média 3ºC até o final do século XXI. Com um aumento nos pólos da ordem de 7ºC e inferior a 3º C na região tropical.
O IPCC publicou, em Julho de 2001, três volumes de relatórios sobre as mudanças climáticas. O primeiro volume Mudança do Clima 2001: a base científica aponta que a concentração do CO2 na atmosfera está em seu nível mais elevado em 400 mil anos.
A partir da Revolução Industrial, o nível de CO2- um dos gases principais do efeito estufa - aumentou 31%. Sendo o CO2 é um gás que absorve radiação infravermelha, com o aumento de sua concentração a temperatura tende a subir. O CO2 aumentou em concentração de 280 ppm (partes por milhão), em 1850, a 365 ppm, em 2000. As projecções indicam concentração da ordem de 700 ppm até ao fim deste século.
O segundo volume do relatório do IPCC (Mudança do Clima 2001: impactos, adaptação e vulnerabilidade) avalia como os sistemas naturais e humanos são sensíveis à mudança do clima. Algumas consequências das mudanças climáticas são ressaltadas no relatório, tais como frequência de seca ou de inundação em algumas áreas; desaparecimento de algumas espécies de animais e aumento no nível do mar).
A saúde humana poderá também ser posta em risco. É previsível um aumento de doenças como malária e cólera. Sociedades mais pobres e menos desenvolvidas seriam as mais vulneráveis a tais problemas. A habilidade das pessoas em adaptar-se às mudanças climáticas depende de fatores como riqueza, tecnologia, infra-estrutura e acesso aos recursos naturais. Além disso, as sociedades mais pobres do mundo dependem mais de recursos como hídricos e agrícolas, justamente os sistemas que mais deverão sofrer os efeitos da mudança do clima.
O que pode ser feito para impedir uma mudança do clima? O terceiro volume do relatório do IPCC (Mudança do Clima 2001: mitigação) propõe-se a responder a essa pergunta. Nele são apresentados seis cenários diferentes para o futuro. Aqueles que conduzem às emissões reduzidas de CO2 baseiam-se no desenvolvimento sustentável. No cenário em que os combustíveis fósseis permanecem como fonte de energia predominante se prevê que as emissões CO2 no século XXI estejam entre cinco e sete vezes mais altas do que em 1990.
A questão mais relevante, hoje, do ponto de vista científico, de acordo com o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), o físico Paulo Artaxo, é descobrir e quantificar o efeito das partículas de aerossóis no clima. Parte dessas partículas resfriam a superfície, mas parte delas absorvem radiação solar e tem efeito de aquecimento. "Em particular as partículas emitidas em queimadas na Amazônia, que têm alto conteúdo de carbono grafítico, absorvem significante radiação solar, aquecendo a atmosfera e esfriando a superfície", explica.
Aquecimento Global